Elis, de 1 ano e doze meses, entregou presente para as duas mães; post com foto chegou a mais de 100 mil curtidas no Twitter |
Quem tem filhos que frequentam creche ou escolinha sabe que possivelmente receberá, em alguma data comemorativa, um presente personalizado feito pela criança durante a aula. Nesta sexta (6), foi a vez de a biomédica Tainá Maia e a servidora pública Keite Valença entrarem para esse time: mães de Elis, de 1 ano e 11 meses, elas viram a menininha chegar com duas almofadas, cada uma desenhada para uma das mães.
Juntas há 12 anos, elas vivem o que é chamado dupla maternidade. O casal acredita que falar sobre mães lésbicas e outras configurações de família que não sejam apenas pai e mãe é importante. Por isso, Keite foi ao Twitter celebrar o mimo enviado pela creche. A foto das três conquistou os usuários da rede social: até a publicação desta reportagem, haviam sido 113 mil curtidas e mais de mil compartilhamentos do conteúdo celebrando a imagem.
Ficamos felizes com a repercussão. Falta a discussão de que família não é só pai e mãe, existem várias conformações do que é família", comentou a servidora pública em entrevista para o site Universa.
Dupla maternidade e o presente de Dia das Mães
As mães, que moram no Rio de Janeiro, se surpreenderam com o presente entregue pela creche de Elis Imagem: Arquivo pessoal |
Keite e Tainá viverão o segundo Dia das Mães com a pequena Elis nos braços. Neste ano, no entanto, o presente das mães foi garantido pela creche: a menina usou carimbos de coração para enfeitar uma almofada com o nome dela e a mensagem "Mamãe, te amo".
A servidora pública diz que antecipadamente já sabiam que a escola era "preocupada com a inclusão e com as particularidades de cada criança". Mas o mimo foi uma surpresa.
Essa consideração da creche nos deixou muito felizes. Lá, eles também fazem o Dia das Famílias e não fazem festinhas de Dia das Mães ou Dia dos Pais, para não ficar uma situação de constrangimento para as crianças que não têm essa configuração familiar com pai e mãe."
Tainá conta que foi buscar a filha na escola e a professora comentou:
Se ela tem duas mamães, tem que levar dois presentes".Para ela, o episódio é um pequeno movimento em uma extensa luta para o fim do estigma que recai sobre diferentes configurações de família.
Quando começamos a nos relacionar, não era permitido nem casar, que dirá ter dupla maternidade. Hoje, quando o bebê nasce já é possível até colocar o nome das duas mães na certidão. É um avanço, mas ainda temos um caminho longo."
Para Keite, o fato de a foto da família ter recebido tantos elogios no Twitter também indica essa mudança comportamental e novos caminhos na representação de mães lésbicas.
Keite e Tainá contam que estão numa fase de viver "a delícia que é criar um ser humaninho" como Elis.
Vi meninas lésbicas dizendo que daqui a uns anos querem isso para elas. É uma representatividade que não tínhamos há 20 anos."
Gestação foi realização de um desejo das duas mães; hoje, Elis tem quase dois anos Imagem: Arquivo pessoal.. |
Keite e Tainá contam que estão numa fase de viver "a delícia que é criar um ser humaninho" como Elis.
Sempre quis ser mãe, nos programamos para isso. E nós duas participamos de tudo ativamente, Tainá até conseguiu amamentar nos primeiros meses de vida da nossa filha [é possível fazer tratamento para indução de produção de leite materno]", diz a servidora pública.
Para este domingo, a família terá uma programação agitada: vai visitar avós e bisavós e celebrar a maternidade entre elas.
Queremos dar atenção a todas essas mulheres que ajudaram a nos formar e que, com certeza, já estão ajudando a formar Elis", explica Keite.Clipping Ela tem duas mamães': casal ganha presente duplo feito por filha na creche, por Nathália Geraldo, Universa, UOL, 07/05/2022
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