Diretora Wanuri Kahiu, de "Rafiki", ao centro, com as atrizes Sheila Munyiva e Samantha Mugatsia, em Cannes - REUTERS/Jean-Paul Pelissier |
Diretora de filme de amor lésbico processa Quênia para reverter proibição
Wanuri Kahiu busca reverter a suspensão para que o longa possa ser cogitado a uma indicação do país ao Oscar
RIO - A diretora queniana Wanuri Kahiu, de “Rafiki”, um filme proibido em sua terra natal (ver trailer abaixo), por contar uma história de amor entre duas mulheres, entrou com uma ação judicial para reverter a suspensão para que o longa possa ser cogitado a uma indicação do país ao Oscar.
“Rafiki”, que significa amiga na língua suaíli, foi o primeiro título queniano a estrear no Festival de Cannes. Ele é baseado em “Jambula Tree”, conto premiado da escritora ugandense Monica Arac de Nyeko.
Para disputar a indicação do Quênia à categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar de 2019, o filme precisa ter sido lançado no circuito nacional, mas o país do leste africano o proibiu em abril alegando que ele promove o lesbianismo. O prazo para um lançamento é 30 de setembro.
Wanuri Kahiu processou o chefe do Comitê de Classificação Cinematográfica do Quênia, Ezekiel Mutua, e o procurador-geral.
O comitê, que tem que verificar os roteiros antes do início das filmagens, impôs a proibição, dizendo no Twitter: “Qualquer pessoa que for encontrada de posse dele estará violando a lei”. A lei em questão remonta aos tempos coloniais e determina que o sexo gay é punível com 14 anos de prisão.
A proibição representou uma reversão do comitê, já que anteriormente Mutua havia elogiado o filme por ser “uma história sobre as realidades do nosso tempo”. Em 2015 o comitê também barrou o filme “Cinquenta tons de cinza”.
A homossexualidade é um tabu em grande parte da África, onde os gays enfrentam discriminação ou perseguição. Mas nos últimos anos defensores dos direitos de lésbicas, bissexuais, gays e transgêneros vêm se tornando cada vez mais explícitos.
Fonte: O Globo, 12/09/2018, via Reuters
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