As noivas do Copa e seus planos de ter uma criança por inseminação artificial

quarta-feira, 14 de março de 2018

As noivas Roberta Gradel e Priscila Raab se beijam durante cerimônia (Foto: Marcos Ramos)

Copacabana Palace realiza o primeiro casamento entre mulheres em 95 anos de fundação
200 convidados presenciaram a festa, que seguiu tradição judaica. As noivas jogaram os buquês suspensas em cadeiras penduradas no teto

A farmacêutica Roberta Gradel e a economista Priscila Raab foram o primeiro casal de mulheres a se casar em 95 anos na história do Copacabana Palace. As noivas trocaram alianças frente a 200 convidados em uma festa de tradição judaica no último sábado (dia 10/03).

(Ricardo Stambowsky/Divulgação)

O bufê foi calculado em R$ 400 por pessoa, além de champanhe Perrier Jouet servido aos convidados. Como lembrança, os convidados levaram para casa velas perfumadas. O cerimonial foi organizado por Ricardo Stambowsky e a celebração foi de David Alhadeff. A decoração ficou por conta de Leonardo Araújo. 

 (Ricardo Stambowsky/Divulgação)

Pendurados no teto do Golden Room, dois balanços decorados com flores formaram um só palco. As mulheres jogaram os buquês suspensas nas poltronas, do alto da sala de ouro. Os vestidos das noivas foram assinados pela estilista Marie Lafayette. A abertura da pista de dança ficou sob a responsabilidade do coreógrafo Irídio Mendes.

Fonte: O Povo Online, 12/03/2018



Noivas do Copacabana Palace planejam ter um filho

O beijo entre a farmacêutica Roberta Gradel, 38 anos, e a administradora Priscila Raab, 42, que estampou a capa do GLOBO de ontem ganhou repercussão inversa à discrição da dupla. Hospedadas até o fim da tarde de ontem no Copacabana Palace, onde se casaram no sábado, as moças conversaram com a repórter Marluci Martins,sobre o espanto o com a repercussão da festa, o amor que as uniu e os planos para o futuro.

Como vocês se conheceram?

Roberta: Eu tinha 7 anos, e a Priscila, 12. Nossos pais eram amigos. A gente convivia, principalmente, nas férias.

Há quanto tempo estão juntas?

Priscila: Completamos cinco anos de namoro no sábado, dia do nosso casamento.

Antes, namoraram homens?

R: Priscila já tinha namorado menino e menina. Eu não. Fui casada com um homem, há seis anos. Não importa por quanto tempo... O importante é o presente e o futuro. Ela foi minha primeira namorada.

O que acharam da repercussão da união?

R: A gente não imaginava. O casamento era um sonho nosso. Principalmente, a cerimônia judaica. Sou judia. E o Copacabana Palace é um lugar mágico. É o sonho de toda mulher. Mas a gente não tinha noção da proporção que isso alcançaria.

P: Senti nas redes sociais muita gente me adicionando. E a capa do GLOBO foi um “boom”, um susto. Uma das madrinhas me mandou foto do jornal por Whasapp, hoje cedo.

Já foram vítimas de preconceito?

R: Não temos medo. Enfrentamos, botamos a cara à tapa. Estamos amando, não estamos fazendo nada errado. As pessoas deveriam ter menos ódio e preconceito. Somos uma família, sim. Somos um casal com muito amor.

P: Nosso país é machista. Cada um tem que ficar no seu quadrado e respeitar a sexualidade do outro. As pessoas seriam felizes se focassem mais no amor e na igualdade.

Por falar em preconceito, a comunidade judaica aceita o fato de a cerimônia não ter sido celebrada por um rabino?

Foi um chazan (cantor que também celebra casamentos). Eles aceitam, mas a Priscila não é judia.

Acham que a repercussão é um importante passo à frente na causa gay?

P: A gente entende que foi histórico. Foi uma coisa de quebrar barreiras mesmo. Havia casais homossexuais no nosso casamento que nunca tinham se sentido tão à vontade para dar um beijo ao vivo. E as pessoas se beijaram, felizes na festa. E, poxa vida, no Copacabana Palace, um hotel histórico, o mais tradicional do Rio. Você sabe, foi o primeiro casamento entre mulheres neste hotel...

Pensam em filhos?

R: A gente tem uma filha de 6 anos. Prefiro não mencionar o nome dela, por proteção. Ela diz que é minha filha de sangue. E diz que é filha da Priscila de coração. Chama as duas de mãe, leva tudo numa boa. Agora, estamos pensando na inseminação. Quero engravidar de novo com os óvulos da Priscila, que já estão congelados. Mas não definimos quando será.

Vão viajar em lua de mel?

R: Não, por causa do trabalho. Temos a vida inteira. Vai ser uma lua de mel para sempre.

Vocês casaram no civil?

R: Sim. E vale lembrar que, na cerimônia, não quisemos presentes. Recebemos doações para a reforma da pediatria do Inca.

Fonte: Marina Caruzo (O Globo), 13/03/2018

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