Jéssica diz que se ama do jeito que é. Jovem quer ajudar outras lésbicas e garantir direitos das mulheres (Foto: Quésia Melo/G1) |
Jovem diz que ficou com marcas no corpo e pediu medida protetiva à Justiça. Jéssica Farias faz parte de associação e quer garantir direitos das mulheres.
Foi dentro de casa que a estudante Jéssica Farias, de 20 anos, sofreu preconceito pela primira vez ao contar que era lésbica. A agressão verbal e física partiu de um tio. A jovem conta ficou com marcas no corpo e pediu uma medida protetiva que mantém o agressor distante. No mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, Jéssica pede respeito às lésbicas e lamenta ainda ser chamada de "sapatão" dentro do ônibus.
Desejaria que, de fato, o respeito existisse, pois o respeito é só no papel e nas redes sociais. Não tenho medo de ser quem sou, mas enfrento piada dentro de ônibus, sou chamada de 'sapatão' e a frase que mais ouço é "'tu nunca pegou um homem que faça gostoso como eu'. As pessoas não se colocam em nosso lugar, tudo o que querem é fazer julgamentos", lamenta.
Jéssica faz parte da Associação de Mulheres do Acre Revolucionárias (Amar-AC), que atualmente atende ao menos 17 mulheres profissionais do sexo, lésbicas e em situação de vulnerabilidade. A estudante afirma que descobriu a orientação sexual aos oito anos de idade durante uma brincadeira com as primas. Desde então, foi apoiada e julgada por familiares e amigos.
Não digo que descobrir e entender isso foi fácil, mas eu me aceitei fácil, pois na minha família há outros homossexuais e até eles são preconceituosos. Uma pessoa da minha família que é gay não me aceita como lésbica e já chegamos a ir para a Justiça por causa disso. A primeira a saber que eu era lésbica foi minha avó. Quando contei, ela respondeu: 'minha filha seja feliz'", conta.
Jovem conta que mora com namorada há mais de um ano e que é chamada de sapatão diariamente (Foto: Quésia Melo/G1) |
Relacionamento
Jéssica namora há mais de um ano e diz que ela e a companheira buscam ser respeitadas diariamente. As duas se conheceram no Facebook. A estudante relata que quando estão em público se tratam como amigas para preservar a privacidade do casal e evitar comentários preconceituosos.
Acredito que a nossa intimidade é assunto da nossa casa para dentro. Infelizmente, as outras pessoas não têm a cabeça aberta que ela, as pessoas que convivem conosco e eu temos. Lembro que a vi no Facebook e a achei muito bonita, mandei mensagens na cara de pau, tomei a iniciativa, ela me enrolou um mês até nos conhecermos pessoalmente", lembra.
Preconceito
A jovem ainda lembra a sensação que sentiu ao sofrer preconceito pela primeira vez. Quando segurava as lágrimas, Jéssica disse que prometeu a si mesma que não teria vergonha de assumir quem era e do que gostava. Junto da Amar-AC diz que quer buscar maior visibilidade para as lésbicas e as necessidades dessas mulheres.
Quando sofri preconceito pela primeira vez, senti um desconforto que não tem explicação, me senti mal, quis chorar e me segurei. Sempre digo para minhas amigas que se pudesse andar com uma placa escrito 'sapatão', eu andaria. Me amo do jeito que eu sou e me acho maravilhosa dessa forma. Se pudesse mudar algo em mim, seria me tornar ainda mais visível como a mulher gay que sou", finaliza.
Jéssica faz parte de associação que atua ajudando profissionais do sexo, lésbicas e mulheres em situação de vulnerabilidade (Foto: Quésia Melo/G1) |
Fonte: G1 AC, Quésia Melo, 15/03/201
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