Escola em Brasília acusada de reprimir beijo gay

segunda-feira, 12 de setembro de 2016


Fachada do Centro Educacional Sigma na 910 Norte, em Brasília (Foto: Sigma/Repdoução)
Ex-alunos denunciam ação de escola que teria reprimido beijo gay no DF.

Caso aconteceu na manhã desta quinta em unidade do Sigma, na Asa Norte. 'Beijo não é proibido, mas comportamentos de exagero, sim', diz a direção.

Alunos e ex-alunos de um colégio particular da Asa Norte, em Brasília, usaram as redes sociais nesta sexta-feira (9) para protestar contra um suposto ato de homofobia da direção, na última quinta (8). Segundo a denúncia, um estudante foi repreendido por beijar outro garoto em frente à unidade. A coordenação nega.

O caso aconteceu por volta das 7h desta quinta (8), momentos antes do início da aula no Centro Educacional Sigma da 910 Norte. A direção confirmou que o aluno estava na área externa do colégio, em frente ao portão, acompanhado de outro garoto. Segundo a instituição, eles não foram repreendidos em razão da sexualidade.
Beijo não é proibido na escola, mas um comportamento que tem exageros, que possa constranger outros alunos[, sim]", afirmou a instituição.
Questionado pelo G1, o Sigma não soube dizer que tipo de exageros foram cometidos. A coordenação afirma que o ato foi denunciado por "pessoas que passavam na rua", mas preferiu não identificá-las.

Beijo não é proibido na escola, mas um comportamento que tem exageros, que possa constranger outros alunos[, sim]"


Sigma, em resposta ao G1

Em nota, o colégio afirmou que os coordenadores aplicaram um procedimento padrão, adotado com casais de qualquer orientação sexual. "Tal procedimento é seguido, da mesma forma, independente do gênero do relacionamento", disse a escola.

O aluno foi chamado para conversar com um orientador – a escola não especificou como e quando ele foi abordado. "Toda vez que uma norma é descumprida, o aluno é chamado para orientação", declarou o Sigma.

A postagem divulgada em redes sociais é acompanhada de uma tela do WhatsApp, em que o autor da denúncia diz que os pais do aluno foram comunicados do fato, e que ele foi ameaçado de expulsão. A escola nega as duas informações.

Nas redes sociais, estudantes manifestaram indignação diante do caso. "Eu ainda não acredito que, em pleno 2016, a gente ainda tem instituições de ensino com esse tipo de postura", diz a autora de um dos posts.

Postagem em rede social denuncia conduta de coordenadores do colégio Sigma, na Asa Norte (Foto: Facebook/Reprodução)

Casos nas escolas
Em julho, uma atividade sobre gênero realizada em uma escola pública de Ceilândia também gerou polêmica no DF. A deputada distrital Sandra Faraj (SD) enviou ofício à direção para questionar a dinâmica, que abordava temas como homofobia, integração entre gêneros e pansexualidade.

O ofício dizia que as "alusões e termos da redação às expressões 'identidade de gênero' e 'orientação sexual'" tinham sido vetadas na versão final dos planos de educação. Os argumentos de Sandra foram refutados por uma nota da Secretaria de Educação, dias depois. Segundo o governo, os temas fazem parte dos planos distrital e nacional de Educação.

A Polícia Civil do DF abriu inquérito para apurar um outro episódio, em que ofensas com teor homofóbico foram dirigidas a estudantes da Universidade de Brasília (UnB), dentro do campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. A investigação foi determinada pelo governador Rodrigo Rollemberg.

Enrolados em bandeiras do Brasil, um grupo usava expressões homofóbicas e se dizia contra a política de cotas e a favor do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e do juiz Sérgio Moro. As vítimas foram abordadas quando saíam em direção ao estacionamento, e afirmaram à polícia que foram alvos de xingamentos e discursos ofensivos.

Fonte: G1, 10/09/2016 

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