Pesquisa revela que 7% das empresas brasileiras ainda admitem que não contratariam homossexuais

quarta-feira, 13 de maio de 2015


Apesar de lei contra discriminação, 7% das empresas ainda admitem que não contratariam homossexuais
Pesquisa revela que outras 11% não contratariam homossexuais para cargos específicos

Um levantamento realizado com 10 mil empresas mostrou que, apesar de existir uma lei que proíbe a discriminação nos critérios de contratação de um trabalhador, 7% das companhias entrevistadas ainda admitem que não contratariam homossexuais.

A pesquisa, realizada pela Elancers, principal empresa de sistemas de recrutamento e seleção do Brasil, tem por objetivo entender o perfil dos profissionais que contratam pessoas no Brasil. De modo geral, os recrutadores refletem a visão das empresas, mas muitos fazem valer também sua visão particular de mundo.

De acordo com o presidente da Elancers, Cezar Tegon, além desses 7%, 11% das empresas entrevistadas afirmam que não contratariam homossexuais para determinados cargos.

— Eles se referem essencialmente a cargos executivos que, via de regra, representam a empresa em público.

Esses dois grupos somados representam quase uma em cada cinco empresas do País que não contrataria homossexuais.

Segundo uma profissional de empresa de recrutamento e seleção que preferiu não se identificar, embora seja fácil condenar uma empresa que se recusa a contratar homossexuais, a verdade é que essas empresas operam no Brasil, onde a própria sociedade tem restrições a profissionais declaradamente homossexuais em determinados ambientes:

— Quando falamos de escolas, por exemplo, as restrições a homossexuais são evidentemente maiores, por várias razões, mas principalmente o receio em relação à reação dos pais dos alunos. As empresas também rejeitam profissionais declaradamente homossexuais para posições de nível hierárquico superior, como diretores, vice-presidentes ou presidentes, pois acreditam que esses cargos via de regra representam a organização em eventos públicos e a associação de imagem poderia ser negativa para a companhia.

Tegon diz que outra pesquisa, realizada nos Estados Unidos, mostrou que os homossexuais têm 40% menos chance de serem chamados para uma entrevista.

— Realizada pelo American Journal of Sociology, essa pesquisa evidenciou que há sim uma discriminação contra profissionais declaradamente homossexuais, o que constatamos também aqui no Brasil.

Além disso, a pesquisa da Elancers aponta que, embora a legislação brasileira proíba as empresas de dizerem que determinada vaga é para homem ou mulher, o que poderia caracterizar uma discriminação de gênero, o fato é que algumas empresas estão sim preocupadas com a sexualidade de seus empregados.

Por outro lado, explica Tegon, há universos de trabalho onde o homossexual declarado não só é aceito como até cultuado.

— No segmento de beleza, moda ou design de interiores, o homossexual declarado é muito bem-aceito e parece mesmo existir o consenso de que eles são melhores profissionais do que homens ou mulheres (heterossexuais). No entanto, parece evidente, também, que as mulheres homossexuais declaradas sofrem uma discriminação maior.

Fonte: R7, 11/05/2015

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