Ana e Isabelle são contra a decisão da direção da escola (Foto: Marcos Lavezo/G1) |
Diretora suspende alunos após beijo gay em escola
Dois garotos, estudantes da escola Monsenhor Gonçalves, em Rio Preto, foram suspensos por terem sido pegos se beijando dentro do banheiro. Além da suspensão, os dois corriam o risco de serem expulsos da escola. A família de um deles não quis esperar e já transferiu o aluno. O outro ainda tenta continuar matriculado na instituição e será submetido a avaliação de um conselho para saber se continua ou não na escola.
Um dos garotos, estudante do terceiro colegial, disse que havia acabado de pedir o outro, que é um ano mais novo, em namoro. Como o pedido foi aceito, o casal decidiu comemorar com um beijo, mas foram vistos por um outro aluno que denunciou o fato à diretoria.
Imediatamente, um diretor se dirigiu ao banheiro onde estava o casal e os surpreendeu, levando-os à sala da direção. Lá, os meninos foram informados que estavam suspensos de todas as atividades do colégio por cinco dias e foram "convidados a se retirarem" da instituição.
Como se isso não bastasse, a direção da escola comunicou o fato aos pais dos alunos, que não sabiam da orientação sexual dos filhos. "Não respeitaram o meu tempo", disse um deles.
O estudante do terceiro colegial, que continua na escola, conversou com a reportagem do Diário da Região e disse que implorou à diretora para que não contasse o fato à sua mãe, que é pastora de uma igreja evangélica: "Eu fui muito humilhado em casa. Minha mãe não está aceitando". Ele chegou a ser expulso da própria casa, e precisou passar a noite na residência de um amigo.
Mesmo suspenso, o jovem, que tem 17 anos, procurou a diretora da escola no dia seguinte. Ele pediu para permanecer no colégio. "Eu amo (a escola) Monsenhor Gonçalves. Eu quero continuar lá porque é um direito meu", afirmou.
O adolescente ainda reconhece que a escola não é um lugar apropriado para se beijar, mas julga exagerada a atitude da diretora: "Beijar na escola não é certo, mas não precisa de tudo isso. Poderiam dar apenas uma advertência". Ele ainda afirmou que os diretores e inspetores fazem vista grossa quando se trata de casais heterossexuais. "Teve um casal (hétero) que namorou do primeiro ao terceiro ano (do ensino médio). Eles viviam se beijando, se agarrando, sentando um no colo do outro, e nada acontecia", afirma o menino.
"Julgamento”
Na conversa que o aluno teve com a diretora, que foi gravada com um telefone celular, ela afirma que, para continuar na escola, o jovem precisará passar pelo crivo de um conselho formado por professores, estudantes com mais de 18 anos e pais de alunos.
De acordo com o que a diretora disse ao garoto, a situação será avaliada e este conselho irá "julgar" se ele deve, ou não, permanecer na escola. O veredito só será dado quando o aluno retornar da suspensão, na próxima quinta-feira, dia 9.
O Diário da Região entrou em contato com a escola e falou com o vice-diretor Ben Hur Ulisses da Silva. Ele, porém, informou que não poderia dar nenhuma informação à imprensa.
Outro lado
O técnico de educação para diversidade sexual e de gênero da Secretaria de Estado da Educação, Thiago Sabatini, disse ontem que o caso da escola de Rio Preto será investigado. “Os responsáveis pelo problema serão punidos”, afirmou.
Segundo ele, no entanto, a secretaria vai apurar a ocorrência tendo como prioridade “garantir o direito à educação”. A política educacional do Estado - garante - é no sentido de assegurar que não haja qualquer margem para desrespeito.
O Estado distribui material pedagógico específico, direcionado a temáticas de prevenção e de combate à homofobia. O educador - afirma o técnico - deve ser acolhedor, orientador.
A secretaria, porém, não quis responder aos questionamentos enviados pelo Diário sobre o caso específico da diretora, que decidiu suspender os dois alunos.
Colaborou Gabriel Vital
Com informações de Diário da Região (Ribeirão Preto) e G1, 02-04/04/2015
Com informações de Diário da Região (Ribeirão Preto) e G1, 02-04/04/2015
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