Resistindo pela primeira vez |
A cidade de Nova York, com a maior população LGBT da época, tinha também as mais rígidas leis contra sodomia do país, havendo criado até mesmo esquadrões do vício para fazer batidas nos bares homossexuais e prender seus clientes. Chegavam a infiltrar policiais disfarçados, em ambientes públicos de pegação, a fim de identificar e prender gays.
Administrado pela Máfia, o bar Stonewall Inn era uma pocilga de precária higiene que oferecia drinks adulterados a preços astronômicos. Apesar disso, constituía-se em um dos poucos locais onde pessoas LGBT podiam se socializar, beber, dançar e ser homossexuais. Como de praxe, as batidas policiais eram recorrentes, mas terminavam de forma relativamente pacífica: a polícia prendia algumas pessoas, o bar fechava por algumas horas, para depois abrir novamente.
Na noite do dia 28 de junho de 1969, contudo, algo diferente ocorreu: os usuários do Stonewall Inn resistiram à prisão, e a polícia perdeu o controle da batida. Uma multidão se reuniu na rua, na frente do bar, encurralando a polícia dentro do mesmo. A tropa de choque foi convocada, e o cenário virou uma praça de guerra, com confrontos violentos que duraram por seis dias.
A revolta de Stonewall, como ficaram conhecidos os seis dias de confronto com a polícia, marcou o momento da virada do movimento pelos direitos homossexuais nos Estados Unidos e em todo o mundo. Vale lembrar que, no Brasil, nos anos 70/80, as batidas policiais também eram costumeiras, com gays e lésbicas sendo presos só por serem homossexuais. Os bares também eram muito precários, e o tratamento aos clientes péssimo. Dois protestos contra esse cenário de marginalização também marcaram o início do movimento LGBT em nosso país: a passeta contra o delegado Richetti, em 13 de junho de 1980, e a invasão do Ferro's Bar, em 19 de agosto de 1983, que também ficou conhecido, em referência à revolta de Stonewall Inn, como dia do orgulho lésbico brasileiro.
Para marcar mais uma passagem do dia 28 de junho, dia internacional do orgulho LGBT, segue abaixo um trecho do documentário Stonewall Uprising, produzido por Kate Davis e David Heilbroner, com o relato de testemunhas oculares da revolta e raros documentos de época. O documentário é baseado no livro do próprio David Carter intitulado Stonewall: The Riots that Sparked the Gay Revolution.
Ver também Stormé DeLarverie: a lésbica negra que deu início à rebelião de Stonewall
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