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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Filme sobre geração de ativistas que lutou contra AIDS estreia na HBO

Matt Boomer e Mark Ruffalo em cena de “The normal heart” 

Em uma cena de “The normal heart”, Tommy Boatwright, baseado no ativista Rodger McFarlane (1955-2009) e vivido por Jim Parsons, é escalado para homenagear mais um amigo morto em um funeral na Nova York da primeira metade dos anos 1980. Na igreja, ele desaba: “Odeio esses serviços fúnebres, hoje os principais eventos de nossas vidas sociais. Estamos perdendo toda uma geração. Jovens desaparecendo. Quantas músicas deixarão de ser feitas? Quantas coreografias jamais serão executadas? Estou furioso. Por que eles estão nos deixando morrer? Por que ninguém nos ajuda? A verdade, a resposta, é simples: eles simplesmente não gostam da gente”. A gente, no caso, são os gays da Nova York à época.

O monólogo é a reprodução de cena que o dramaturgo Larry Kramer testemunhou e transportou para o palco do The Public Theater, em 1985. Um dos mais notórios — e controversos — militantes pelos direitos civis dos homossexuais nos EUA e dos primeiros a apontar o que percebia ser irresponsabilidade das autoridades e da própria comunidade gay durante a explosão da epidemia da Aids, o autor, ele próprio HIV positivo, retornou à labuta para a adaptação de sua peça para a TV, em telefilme que estreia na HBO neste sábado, às 22h.

Durante uma década, Barbra Streisand deteve os direitos de adaptação para o cinema, mas o longa só saiu do papel quando Ryan Murphy, criador da série “Glee”, penhorou sua casa para reviver a história de Ned Weeks (Mark Ruffalo), escritor e alter ego de Kramer, alçado a líder de uma comunidade devastada por uma doença tão desconhecida quanto letal, por meio da ONG Gay Men’s Health Crisis.

— Li o texto de Kramer quando estava na faculdade e nunca mais me esqueci. Trabalhamos juntos por três anos no roteiro, e o filme conta com 40% de material novo, assinado por ele — diz Murphy.

Para o ator que vive Weeks, Kramer foi, “indiscutivelmente”, um herói do movimento pelos direitos civis nos EUA, cujo capítulo dedicado aos homossexuais é “sensacional e repleto de drama”.

— Passei horas conversando com Larry. Pedia para me contar histórias da época e não procurei nenhum distanciamento do personagem. Quis retratar com a maior fidelidade possível sua trajetória, sua tragédia heroica — conta Mark Ruffalo.

Parsons, conhecido pelo Sheldon da série “The Big Bang Theory”, é o único ator de uma trupe estelar — Ruffalo, Julia Roberts, Matt Bomer, Alfred Molina, e com Brad Pitt assinando a coprodução — a ter também vivido o drama nos palcos, na montagem da Broadway de 2011 (agraciada com três prêmios Tony). Gay, como Murphy (que é casado e pai de um menino), Parsons diz ter sido impossível, nas filmagens, não refletir sobre as conquistas civis dos homossexuais nas últimas três décadas:

— E, ao mesmo tempo, quanto mais você mergulha no texto, mais percebe o humanismo de “The normal heart”. É o que machuca o coração, porque você não consegue deixar de pensar: isso pode acontecer de novo, com qualquer grupo. Por isso é importante relembrar e pensar em como a sociedade pode evitar uma repetição daquele desastre.

O filme, que traz Roberts como a médica Emma Brookner — inspirada em Linda Laubenstein (1947-1992), vitimada pelo pólio e uma das primeiras a tratar de pacientes com o vírus da Aids —, termina em 1984, antes do aparecimento dos primeiros testes de HIV. Das conversas com Kramer, Murphy recorda um paralelo estabelecido pelo dramaturgo: naquele momento histórico, silêncio, armário e vergonha significavam morte. Por conta de sua decisão de denunciar tanto a administração local do democrata Ed Koch quanto a nacional, do republicano Ronald Reagan, e de expor a vida privada de militantes e servidores públicos, Weeks é afastado do comitê executivo da Gay Men’s Health Crisis ao mesmo tempo em que enfrenta um drama pessoal: a deterioração da saúde de seu companheiro, o repórter do “New York Times” Felix, vivido por Matt Bomer, galã da televisão americana assumidamente gay e casado, pai de três filhos.

— Os tempos mudaram, mas a discussão sobre a epidemia global da Aids é ainda tão importante e contemporânea quanto o debate sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a luta por termos, todos nós, o direito de sermos amados e aceitos como cidadãos, independentemente da afetividade sexual. A História provou que Larry estava certo. De herético, ele se transformou em um dos heróis do movimento pelos direitos civis dos gays nos EUA — diz Murphy.

Fonte: Bahia Notícias, via ESP, 26/05/2014

2 comentários:

  1. Simplesmente perfeita a crítica sobre o melhor filme de 2014, na minha opinião. Chorei, me emocionei, tive raiva, e vontade de entrar na tela e lutar com Ned Weeks.

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  2. Eu tenho vivido com esta doença mortal por mais de um ano, o meu marido, descobri que estávamos ambos HIV +. Tínhamos tentar de todas as maneiras de viver nossas vidas, apesar desta coisa em nosso corpo não até que me deparei com este poderoso herbalista que interpretou que ele tinha a cure.At primeiro, ficamos mais cético, mas meu marido insistiu em dar-lhe uma tentativa e pedimos para algumas de suas ervas e em poucas semanas depois de seguir o devido processo desta fitoterapeuta, fomos para um teste de como ele nos disse também fomos surpreendidos com a felicidade quando recebi o resultado na clínica. A taxa de vírus em nosso corpo caiu e em mais algumas semanas Estávamos totalmente cured.We também perguntou por que ele não veio para o mundo que ele tinha a cura e ele disse que fez em 2011, mas foi rejeitada pela equipe de pesquisa internacional. A coisa mais importante é para você ser curado Se você quer saber sobre o fitoterapeuta chamá-lo em +234 706 542 4920 ou e-mail: herbalcure4u@gmail.com. Deus te abençoe.

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