Em seis obras, o Cine Set celebra a diversidade do amor – e lamenta o preconceito e as amarras sociais que o sufocam.
Muito se fala da perseguição nazista contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, a insanidade do regime totalitarista comandada por Adolf Hitler também focava no extermínio dos homossexuais. O documentário “O Triângulo Rosa” mostra traz as memórias de alguns dos sobreviventes dos campos de concentração. Para tempos tão intolerantes como os atuais, uma obra fundamental.
Aqui conhecemos o drama do amor que teme dizer seu nome. Uma recriação da história real de Teena Brandon, uma garota que decidiu assumir uma identidade masculina e viver novas experiências. No caminho, ela fez novos amigos, conheceu o amor com outra mulher – e foi brutalmente assassinada pelos ditos “amigos”, quando estes descobriram quem Teena realmente era. Um retrato angustiante de como a homofobia continua à espreita em cada esquina.
A ideia da homofobia como elemento humano, expressão da brutalidade inerente em tantas pessoas, permeia alguns dos melhores filmes de temática gay. Milk – A Voz da Igualdade, porém, não é sobre esse drama, e sim sobre a resistência a ele, a afirmação do orgulho da própria natureza, encarnada na trajetória do primeiro político gay a chegar a um cargo relevante nos Estados Unidos, o californiano Harvey Milk. Infelizmente, seu assassinato foi um triste presságio de que a luta pela aceitação dos gays na sociedade ainda seria longa e marcada por dificuldades. Sob a sua inspiração, porém, os Estados Unidos estão na vanguarda da inclusão e dos direitos dos homossexuais no mundo. Exemplo que vale para todos, a despeito das falhas e crueldades de quem ensina.
Voltamos, aqui, ao tema do amor infeliz, mitigado pelas pressões de uma sociedade preconceituosa e violenta. Tocante relato do amor entre dois caubóis num tempo e lugar (o Texas dos anos 1960) marcados pela homofobia, O Segredo de Brokeback Mountain mostra com sobriedade a tragédia diária que é ter de esconder seus desejos e felicidade em nome de uma vida tranquila. Outro exemplo marcante para quem é indiferente ou até a favor do preconceito.
Com dezenas de filmes que tratam da questão gay sob vários enfoques – a alegria, as cores, a tragédia, a homofobia, a resistência – chegamos àquela que é a mais simples e também a mais complexa de todas: a paixão, pura e simples.
Azul é a Cor Mais Quente fala um pouco de tudo isso que eu citei acima, mas é, acima dos enfoques, uma história de amor. Adèle (Adèle Exarchopoulos, uma presença magnética como poucas), uma jovem estudante, um dia conhece se interessa por Emma (Léa Seydoux, linda). Sem nunca ter ficado com uma garota antes, ela dá uma chance à moça de cabelo azul (daí o título do filme), e o resto da trama é a biografia desse romance.
Por seu retrato sublime mas sem enfeites da paixão entre duas melhores, Azul é a Cor Mais Quente não só é o melhor filme desta lista, mas também, por seu sucesso, uma contribuição importante ao entendimento das pessoas de que, não importa a orientação sexual, a nossa eterna sina é amar.
OUTROS GRANDES FILMES RECENTES SOBRE O TEMA:
6) Tomboy7) Tatuagem
8 – Minhas Mães e Meu Pai
9) A Má Educação
10) Como Esquecer
O pior:
Uma eterna matéria-prima das comédias são os estereótipos. Em qualquer cinema, não importa a nacionalidade, a gozação em cima de costumes, posição social, cor de pele, é assunto para risadas (perversas ou não) desde que o cinema é cinema. Com o tempo, porém, os preconceitos foram sendo superados, e já não cabe mais, nos filmes, a paródia grosseira de hábitos e costumes homossexuais, como aqui.
Com lugar garantido em várias listas de piores filmes já feitos, Cruzeiro das Loucas é a história pretensamente engraçada de dois amigos (Cuba Gooding Jr. e Horatio Sanz) que, para curar uma desilusão amorosa, embarcam num cruzeiro, sem saberem que é para gays. Com fartas doses de humor fuleiro e sexismo, o filme tem momentos constrangedores, como a apresentação de Cuba como drag queen ou a ponta de Roger Moore (ex-007) como um “ex-combatente de Sua Majestade” que é também é “tão gay quanto cerejas”. Perca, e não sinta o menor remorso.
por Renildo Rodrigues
especial para o Cine Set
Fonte: D24AM, Cine Set, 19/04/2014
Fonte: D24AM, Cine Set, 19/04/2014
Vi todos, exceto 'Azul é a cor mais quente', porque quando eu cheguei na Casa de Cultura Laura Alvim, descobri que só tinha sessão no mesmo horário em que eu dava aula. Fiquei arrasado, mas ainda vou dar um jeito de ver. Parabéns pela seleção, Míriam Martinho. Eu só acrescentaria 'Transamérica". https://www.youtube.com/watch?v=k1l8V_QOMKs
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