Sede da empresa Intertrim, em Caçapava. (Foto: Reprodução/TV Vanguarda) |
Trabalhador recebe indenização de R$ 30 mil por homofobia em Caçapava
Caso ocorreu em fornecedora de autopeças; homem era alvo de piadas. Empresa diz desconhecer episódio e trata demissão como 'motivo interno'.
A Intertrim, empresa fornecedora de autopeças de Caçapava (SP), foi condenada a pagar uma indenização de cerca de R$ 30 mil a um trabalhador que acionou a Justiça em um processo de danos morais. O funcionário alegou ter sido vítima de homofobia dentro da empresa. Jeferson Rodrigues Florêncio entrou com a ação um mês após ter sido demitido em julho de 2011. A empresa alega que a demissão ocorreu por motivos internos.
Segundo Jeferson, ele era alvo de comentários depreciativos e piadas por parte do gerente geral da empresa, que também o trataria com rigor excessivo. Um dia antes de ser desligado, Jeferson disse que procurou o setor de Recursos Humanos da empresa por ter sido trocado pelo superior, que queria saber se ele tinha colocado silicone, que ele parecia estar tomando hormônios. Além de Florêncio, uma colega que testemunhou o ocorrido e um funcionário terceirizado também foram demitidos.
Ele conta que os problemas começaram quando ele foi transferido para o turno da manhã. "Eu trabalhava em outro turno, que acabou sendo extinto. Me transferiram para o turno da manhã, das 5h às 14h, e o chefe daquele turno ficava me olhando estranho, sempre implicava com o meu serviço, mesmo eu fazendo tudo direito. Ele me chamava de 'bichinha', 'gayzinho', 'viadinho' e 'florzinha'", contou Jeferson ao G1.
Na sentença, o juiz do trabalho Rogério Princivalli da Costa Campos considerou que a empresa o submeteu a tratamento desrespeitoso e preconceituoso em razão de sua orientação sexual. Além da indenização, a empresa foi condenada ao pagamento de horas extras e demais direitos trabalhistas, como 13° salário e férias.
Sobre a indenização, que foi confirmada há três meses, o ex-funcionário diz que foi justa, pois ele foi prejudicado em algumas ocasiões devido ao processo. "O resultado é bom não só pelo dinheiro, mas porque trabalhei em outras duas empresas após sair da Intertrim e após o período de seis meses em uma e um ano na outra, eu não fui efetivado pois constaram que eu estava com um processo em aberto", afirmou.
Agora, longe de fábricas, Jeferson superou o trauma do ocorrido e diz que já está em outro ramo. "Eu emagreci muito, ficava pensando no ocorrido. Meu pai me orientou a ir em um psicólogo que me ajudou a superar isso. Agora faço curso de cabelereiro há um ano e já atendo algumas clientes na minha casa ou à domicílio", completou.
Outro lado
Segundo o diretor de Recursos Humanos da Intertrim, Silvio Nunes, o resultado da ação não foi justo, porém a empresa não poderá recorrer da decisão, já que não cabe recurso. "O resultado foi injusto, pois não houve esse episódio. A empresa não tem nenhum tipo de preconceito. Há, inclusive, outros colaboradores que tem a mesma opção sexual do Jeferson em nossa unidade", disse.
Ele afirma ainda que o chefe não tratava nenhum funcionário de modo diferenciado ou com preconceito. "Ele [chefe] era muito duro com todos os funcionários, ele era muito rígido, exigia muito de todos, não era algo exclusivo com o Jeferson", assegurou.
Por fim, Silvio disse que o chefe já foi demitido, mas que não houve qualquer ligação com o ocorrido. "As demissões não tiveram relação alguma com esse episódio, que a empresa inclusive desconhece. Nem o Jeferson, a colega de trabalho dele o chefe dos dois foram demitidos por essa razão. Os motivos foram internos, uma questão administrativa interna, não tem nada a ver", afirmou.
(*) Colaborou Renato Celestrino
Fonte: G1, Vale e Região, 18/11/2013
Fonte: G1, Vale e Região, 18/11/2013
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