Presidente George W. Bush (E) é visto com Ken Mehlman durante jantar da Comissão Nacional Republicana em Washington (25/10/2005) |
Estrategista de Bush sai do armário e tenta mudar visão republicana sobre gays
Mehlman defende que casamento gay é consistente com valores conservadores e bom para Partido Republicano
A recente discussão da Suprema Corte dos EUA sobre o casamento gay transformou a vida de Ken Mehlman, um dos estrategistas republicanos que orquestraram a reeleição de George W. Bush em 2004 com uma plataforma que incluía a oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Agora, Mehlman, um executivo de Manhattan, empenha-se no que pode ser sua batalha final: convencer colegas republicanos de que o casamento gay é consistente com valores conservadores e bom para o partido. Após uma reviravolta pessoal, ele segue sua jornada para apagar o que um dos seus novos amigos do movimento de direitos gays chama de “o incrivelmente destrutivo” legado de Bush.
Ele se mantém polêmico; é aplaudido por uns, tido como vilão por outros. Para a esquerda, ele é um herói improvável ou covarde hipócrita. Na direita, alguns republicanos o abraçam, outros o chamam de traidor.
Para Mehlman, sair do armário foi um pouco “como o funeral de Tom Sawyer, quando você aparece em seu próprio funeral e ouve o que as pessoas pensam de verdade”, afirmou. “Uma grande parte do cérebro que era usada para se preocupar com ser descoberto agora está livre para se preocupar com coisas muito mais produtivas.”
Aos 46 anos, Mehlman continua o estrategista ativo e reservado que era na época Bush, com o mesmo hábito de não olhar nos olhos das pessoas. Ele evita a maioria das entrevistas e se esquiva de perguntas pessoais, como fez no passado quando surgiram rumores a respeito de sua sexualidade.
“Tenho uma vida feliz hoje, e tinha uma vida feliz antes”, disse. Livre do fardo do segredo, ele mora em um bairro com uma grande comunidade gay. Um outro amigo diz que ele “está a cada dia mais confortável em ser quem é”, que tem encontros, mas não está pronto para se casar.
Mehman se recusa a falar sobre uma eventual culpa pela forma como conduziu a campanha em 2004, quando Bush, para atrair os evangélicos, propôs uma proibição federal ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e, com isso, subiu nas pesquisas.
Apesar de seu passado, ou talvez por causa dele, Mehlman construiu um raro nicho republicano na comunidade gay, que é esmagadoramente democrata.
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Permanecendo nos bastidores a maior parte do tempo, ele trabalhou com a Casa Branca para o fim da política homofóbica no Exército , fez lobby entre os legisladores para aprovar o casamento gay nos Estados de Nova York , Minnesota e New Hampshire, serviu como conselheiro informal de senadores republicanos como Rob Portman, de Ohio, que apoiou o casamento entre pessoas do mesmo sexo depois de descobrir que seu filho era gay, e ainda ajudou a levantar milhões em doações para causas gays, incluindo uma campanha antibullying.
Mehlman também fundou uma pequena ONG para fazer pesquisas de opinião que tenham apelo para os conservadores.
Ao defender seu ponto de vista para os conservadores, Mehlman evoca o termo “casamento civil” como forma de lembrar que ele está falando de “casamento pela lei, como algo diferente do casamento como um sacramento religioso”. Ele usa palavras amigáveis aos republicanos, como “liberdade” em vez de “igualdade”.
Mas nacionalmente a batalha é imensa. Pesquisas mostram que dois terços dos republicanos se opõem ao casamento entre pessoas do mesmo sexo – o número só é melhor no grupo com menos de 30 anos.
É difícil determinar quanta diferença seu trabalho está fazendo para a causa gay. Mas Karl Rove, o grande estrategista republicano, já disse que consegue imaginar um republicano pró-casamento gay concorrendo à presidência em 2016.
Por Sheryl Gay Stolberg
Fonte: IG via The New York Times
Fonte: IG via The New York Times
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