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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Pai e filho que agrediram casal de mulheres são condenados a 8 anos de cadeia


Os Arice são condenados a oito anos
Os condenados vão recorrer em liberdade


Por Paulo Torraca

Após 10 horas de julgamento no Fórum de Jacareí, os Arice, pai e filho, foram condenados a 8 anos de cadeia pelos crimes de tentativa de homicídio por motivo fútil ao casal homoafetivo, Ana Raad e Rosana Akemi, hoje (30). Os condenados vão recorrer da sentença em liberdade.

Para o Juiz da primeira Vara Criminal de Jacareí, Josué Vilela Pimentel, o regime oficial para os condenados por crimes hediondos é reclusão fechado. Mas, a Defesa vai recorrer da sentença de hoje, “se eu decretasse a prisão hoje seria apenas uma prisão preventiva. Ainda não transitou e julgado definitivo e a Defesa já manifestou que vai recorrer. Portanto, como eles não deram causas para prisão em quanto o processo estava em andamento. Não existe motivo para a prisão preventiva”, afirmou o Juiz.

Os sete jurados condenaram os réus a penas de 12 anos por crime de homicídio e tentativa de homicídio com motivo fútil a cada réu. Com a redução de dois terços da pena o tempo de cadeia é reduzido para quatro anos cada crime. Portanto, como são dois crimes a soma total da pena chega a oito anos de cadeia para cada réu.

Por dentro do caso:

A agressão ocorreu no dia 15 de dezembro de 2010, segundo os laudos da Polícia, os réus Steeve e Claudinez Arice agrediram as sócias proprietárias do estacionamento. Segundo o Ministério Público, os dois ofenderam ambas com palavrões “sapatão tem que morrer, eu vou te matar” e agrediram fisicamente Ana e Rosana, que mantêm um relacionamento homossexual estável e trabalham juntas.

Os réus chegaram ao estacionamento as 20h30 e foram alertados por Rosana para que ficassem atentos ao horário do fim do funcionamento do estacionamento. Deixaram o carro estacionado e foram informados por Ana Cristina que o estabelecimento fecharia às 22h30.

Steeve retornou ao estacionamento às 23,08h. Rosana, que então se encontrava no caixa, o alertou para que, da próxima vez, ficasse atento ao horário. Inconformado com a repreensão, Steeve passou a ofender Rosana, com palavrões e afirmou que "você é uma vaca, filha da puta e vai ficar ai até a hora que eu quiser".

Ao ouvir os gritos, Ana Raad se aproximou perguntando a Steeve o que estava acontecendo. Ele então a empurrou, derrubando-a no chão. O outro réu desferiu socos em seu olho direito, atirando-a novamente no chão.

Em seguida, Claudinez abaixou sua bermuda e a cueca, deixando seu órgão genital à mostra, disse: “agora você vai ver o que eu faço com sapatão! Eu vou te matar sua sapatão, agora você vai ver como é que se faz”.

Como as duas gritaram por socorro, pessoas que passavam pela rua chamaram a polícia. Pai e filho só pararam com os golpes quando os policiais chegaram.

As vítimas foram socorridas na Santa Casa de Jacareí e Ana Raad chegou a ser transferida para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Por causa das agressões sofridas, Ana perdeu totalmente a visão do olho direito e Rosana sofreu debilidade permanente da função auditiva do ouvido esquerdo.

A promotora de Justiça Vanessa Yoko Hatamoto Médici ofereceu denúncia contra os dois por tentativa de homicídio por motivo fútil, não consumada por circunstâncias alheias às suas vontades (artigo 121, parágrafo 2º, inciso II, combinado com o artigo 14, inciso II, por duas vezes).

A denúncia também ressalta ainda que os crimes foram cometidos por motivo fútil, já que os dois tentaram matar as vítimas somente porque Steeve foi alertado por Rosana de que o horário de funcionamento do estacionamento deveria ser obedecido, bem como pelo preconceito decorrente da orientação sexual das vítimas.

Fonte: Jornal de Jacareí, 01 de maio de 2013

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