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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Demitida após comentários preconceituosos

Michaela Biancofiore: Bonitinha e equivocada


Vice-ministra da Igualdade da Itália é afastada após criticar gays


O primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, afastou neste sábado a subsecretária do Ministério de Igualdade de Oportunidades, Michaela Biancofiore, por fazer críticas aos homossexuais em entrevista ao jornal italiano "La Repubblica" um dia após ser nomeada.

A saída prematura da vice-ministra para se tornou um lembrete de quão delicada é a coalizão do primeiro-ministro Enrico Letta. Durante a semana, integrantes da coalizão do governo criticaram a opção do premiê por uma ministra negra para a pasta da Integração.

Parlamentar do partido Povo da Liberdade, do ex-premiê Silvio Berlusconi, Biancofiore foi transferida para o Ministério de Serviços Gerais. Ela foi alvo de críticas de entidades de defesa dos homossexuais por sua posição contrária ao casamento gay no Legislativo italiano.

A deputada também foi acusada de homofobia pelos ativistas gays. Na entrevista ao "La Repubblica", tentou se defender das acusações atacando os homossexuais, dizendo que eles próprios causavam a discriminação contra si ao "formarem panelas".

"Não me preocupam suas opiniões, não me aterrorizam. Por pelo menos uma vez, eu gostaria de ver as associações de gays, em vez de se juntarem em panelas, dizerem algo para condenar a recente morte de mulheres [na Itália]. Tudo o que fazem é defender apenas os seus interesses".

Segundo a imprensa italiana, a declaração causou a fúria de Letta, especialmente porque pediu na quinta (2) sobriedade aos membros do governo ao falarem publicamente.

DIFICULDADES

A saída da ministra mostra a dificuldade de Enrico Letta para conseguir coordenar a coalizão que governa a Itália desde a semana passada. O gabinete, formado com integrantes da centro-esquerda e da centro-direita, foi formada após dois meses de impasse político.

Durante a semana, a ministra da Integração, Cecile Kyenge, recebeu uma série de insultos de militantes de direita por ser mulher e negra. Sites vinculados aos grupos a rotularam como "macaco congolês", "Zulu" e "a negra anti-italiana".

Ela também enfrentou insultos com toques de racismo de Mario Borghezio, membro da Liga do Norte no Parlamento Europeu, que foi aliado do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Em referência a Kyenge, Borghezio chamou a coalizão de Letta um "governo bonga bonga" --uma brincadeira com o termo "bunga, bunga", atribuído a Berlusconi-- e disse que ela parecia ser "uma boa dona de casa, mas não uma ministra".

A ministra planeja pressionar por uma legislação, a qual a Liga é contrária, que permitiria às crianças nascidas na Itália de pais imigrantes obterem a cidadania automática, em vez de terem que esperar até os 18 anos para reivindicá-la.

"Cheguei sozinha à Itália aos 18 anos e eu não acredito em desistir diante de obstáculos", disse Kyenge, que deixou o Congo para que pudesse prosseguir os seus estudos em medicina.

Ela também rejeitou o termo "de cor", usado para descrevê-la em muitos matérias na imprensa italiana, dizendo: "Eu não sou colorida, eu sou negra e digo isso com orgulho."

Kyenge, que é casada com um italiano, disse não ver a Itália como um país particularmente racista e acreditava que as atitudes hostis derivavam principalmente da ignorância.

Fonte: FSP, 04/05/2013

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