Secretário-geral da ONU pede Proteção de toda a família humana incluindo LGBTês

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Ban-ki-moon, secretário-geral da
ONU condena discriminação contra LGBT  
Destaque: Respeito plenamente os direitos dos povos em acreditar nos ensinamentos religiosos que escolheram. Isso também é um direito humano. Mas não pode haver desculpa para violência ou discriminação, nunca.

Entendo que pode ser difícil se levantar contra a opinião pública. Mas só porque a maioria desaprova determinados indivíduos, não dá direito ao Estado de reter seus direitos básicos.

A democracia é mais do que a regra da maioria. Ela exige defesa das minorias vulneráveis diante de maiorias hostis. Os governos têm o dever de desafiar o preconceito, não ceder a ele.

Proteção de toda a família humana

por Ban-ki-moon

É um ultraje que mais de 76 países sigam criminalizando a homossexualidade. Líderes deveriam enfrentar e não ceder ao preconceito.

Acabamos de comemorar os 64 anos de um documento que nasceu em dezembro de 1948 e mudou para sempre a visão de como tratamos os membros da família humana.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos provocou uma mudança fundamental no pensamento global, afirmando que todos os seres humanos, não alguns, não a maioria, mas todos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.

A luta para concretizar os ideais da declaração é o cerne da missão das Nações Unidas. A comunidade internacional tem construído um forte histórico de combate ao racismo, promoção da igualdade de gênero, proteção das crianças e quebra das barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência.

Enquanto alguns velhos preconceitos estão diminuindo, outros permanecem. Em todo o mundo, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) são agredidos, às vezes mortos. Mesmo crianças e adolescentes são insultados por seus pares, espancados e intimidados.

Pessoas LGBT sofrem no trabalho, em clínicas e hospitais e nas escolas -os mesmos lugares que deveriam protegê-los. Mais de 76 países continuam criminalizando a homossexualidade.

Muitas vezes já falei contra esta trágica e injusta discriminação, e os desenvolvimentos positivos dos últimos anos me encorajam a seguir lutando. Foram realizadas reformas em muitos países. Na ONU, tivemos inovações históricas.

Em 2011, o Conselho de Direitos Humanos adotou a primeira resolução da ONU sobre direitos humanos, orientação sexual e identidade de gênero, expressando "grave preocupação" com a violência e a discriminação contra as pessoas LGBT.

A alta comissária publicou o primeiro relatório da ONU sobre o problema e o conselho discutiu os resultados em 2012 -a primeira vez que um organismo da ONU fez um debate formal sobre o assunto. Os ativistas ajudaram a abrir a porta. Não podemos deixar que se feche.

É um ultraje que tantos países continuem criminalizando as pessoas só por amar outro ser humano do mesmo sexo. Em alguns casos, novas leis discriminatórias estão sendo criadas. Em outros, essas leis foram herdadas das potências coloniais. Leis enraizadas em preconceitos do século 19 estão enchendo o século 21 de ódio.

Quando me encontro com líderes de todo o mundo, levanto a minha voz e peço igualdade para os membros LGBT de nossa família humana. Muitos líderes dizem que gostariam de poder fazer mais, mas apontam a opinião pública como uma barreira para o progresso. Eles também citam as crenças religiosas e os sentimentos culturais.

Respeito plenamente os direitos dos povos em acreditar nos ensinamentos religiosos que escolheram. Isso também é um direito humano. Mas não pode haver desculpa para violência ou discriminação, nunca.

Entendo que pode ser difícil se levantar contra a opinião pública. Mas só porque a maioria desaprova determinados indivíduos, não dá direito ao Estado de reter seus direitos básicos.

A democracia é mais do que a regra da maioria. Ela exige defesa das minorias vulneráveis diante de maiorias hostis. Os governos têm o dever de desafiar o preconceito, não ceder a ele.

Todos temos um papel a desempenhar. Desmond Tutu disse recentemente que a onda da mudança é feita de até um milhão de ondulações. Ao celebrarmos os direitos humanos, vamos mais uma vez lutar pela implementação da promessa da Declaração Universal: que eles sejam para todas as pessoas -como foi planejado.

BAN KI-MOON, 68, diplomata sul-coreano, é secretário-geral da ONU

3 comentários:

  1. Prezada Míriam Martinho! Desde que conheci seu blog não deixo de acompanhar e também leio postagens mais antigas. Muito, muito bom! Eu nunca fui militante e não sou filiado a partido partido político mas desde o ano passado tenho acompanhado bem mais de perto o que tem acontecido em relação a questão LGBT no Brasil. Estou assustado com o rumo das coisas até aqui. Estou tentando fazer algo positivo como mandar e-mails, trocar idéias, divulgar o Estatuto da Diversidade Sexual. Mandei um e-mail ao Toni Reis cobrando o link permanente na página inicial do site da ABLGT, como defendi um movimento apartidário. Não sei se eu estou impressionado mas me sinto mais inseguro hoje do que quando "saí do armário". Atualmente não tenho ou não vejo boas perspectivas...O que são os "debates públicos" no Congresso Nacional!? Miriam eu sou formado em farmácia e fiquei...fiquei...nem sei o que dizer! "Aquilo" não parece real! Nada contra mas enquanto dança-se Lady Gaga será que ninguém está vendo "o bicho" pegando? Abração de Porto Alegre-RS.

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    1. Agradecida pela visita e comentários. Sempre bem-vindo. Também sou da turma do movimento apartidário. Precisamos de mais gente nessa linha. Igualmente ando pessimista com o desenrolar das coisas não só para o movimento mas também para o país. Quanto ao Estatuto, estou reformulando a página de direitos e vou colocar informação sobre ele por lá. Abs, Míriam

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  2. Ps: Sim Miriam...Referi especificamente a questão LGBT mas entendo e concordo plenamente contigo!

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