Algum distúrbio psicológico eles têm |
A Associated Press retirou de seu Style Book (livro de estilo), entre outros, os termos “homofobia,” “Islamofobia” e “limpeza étnica”, alegando serem imprecisos.
O Style Book agora determina que palavras compostas pelo sufixo “-fobia” não devem ser usadas em "contextos políticos e sociais", devendo se referir somente à forma de doença mental caracterizada pelo medo irracional, incontrolável, de alguma coisa. “Limpeza étnica", por sua vez, passa a ser considerado um eufemismo que “deve vir entre aspas, claramente indicado e explicado.” Segundo Dave Minthorn, editor de normas de redação da AP:
“'Limpeza étnica" é um eufemismo para atividades bastante violentas, "fobia" é o termo médico-psiquiátrico para uma grave doença mental. Estes termos tem sido usados de forma genérica, e concluímos que isso não é adequado. Sobretudo em relação ao termo "homofobia" tem havido muitas extrapolações. Chamar alguém de homofóbico significa lhe imputar uma deficiência mental, algo que não temos como confirmar. Sendo o caso, em vez desse termo, passaremos a usar outros mais neutros como anti-gay ou algo equivalente. Queremos ser mais precisos e neutros em nossa redação.”
O pai da palavra “homofobia,” Dr. George Weinberg, que cunhou o termo em seu livro Society and the Healthy Homosexual (Sociedade e o Homossexual Saudável, 1972), não concorda com a decisão da AP:
O pai da palavra “homofobia,” Dr. George Weinberg, que cunhou o termo em seu livro Society and the Healthy Homosexual (Sociedade e o Homossexual Saudável, 1972), não concorda com a decisão da AP:
Para os conselhos municipais e outras pessoas, com quem comentei sobre essa decisão da AP, o termo faz toda a diferença. Resume todo um sentimento e ponto de vista. Disseminar a palavra foi difícil, como pode imaginar. Até me custou ameaças de morte. A homofobia é sempre baseada em medo? Pensava e continuo pensando que sim. Pode ser baseada em inveja também em alguns casos. Mas essa é uma questão psicológica. Todo o cão que rosna o faz por medo? Provavelmente. Mas isso não importa no caso. O fato é que não temos um outro termo para o que buscamos descrever com "homofobia", e a palavra já se tornou bem conhecida (inclusive dicionarizada).
E você o que acha? Concorda com a decisão da Associated Press, em sua busca de precisão, ou acredita que o termo "homofobia" faz jus à falas de alguns pastores evangélicos, sobre a homossexualidade, inclusive em seu sentido técnico de doença mental?
Com informações do site Queerty
Com informações do site Queerty
As palavras, quando neologismo, talvez carreguem sentido etimológico, mas, com o tempo e com uso, vão ganhando forma própria e ganhando subsignificados. Pode-se comparar com a palavra "obrigado". Que razão ela, por si só, tem? Nenhuma e toda. Nenhuma porque sozinha não há explicação para este uso. Toda porque ela vem de uma contração linguistica "estou obrigado a você", coisa surgida num contexto específico e que agora, junto, não carrega toda esta explicação. Ela fala por si só e tem todos os significados necessários para expressar a gratidão ou mesmo um ato de educação/etiqueta (mesmo quando não há gratidão).
ResponderExcluirAs palavras são assim, quando tomam forma e já explicam, não necessitamos mais destrinchar os radicais e sufixos, como se fossem palavras ainda oriundas de gregos e romanos, para exatificar sua significação.
uauu! como é bom e apaziguador ouvir quem sabe o que diz! parabéns pelo belíssimo comentário, Renil
Excluirdeixar de usar a palavra homofobia diante do uso que ela já tem para muitos de nós lgbt, que antes não tínhamos um termo que exprimisse o que percebíamos, é no mínimo querer dar um passo atrás.
ResponderExcluirsabemos que a sociedade vive fazendo movimentos de avançar e retroceder, mas cabe a todos aqueles que têm uma consciência clara sobre a importância da luta por direitos iguais, difundir amplamente os seus conhecimentos para evitar esse retrocesso.
parabéns pelo post!
beijos do Tatá
Eu acho extremamente apropriado. A palavra foi mal cunhada, mal escolhida. Se não gostamos de "homossexualismo" por seu sentido médico, o sufixo "-fobia" o carrega muito mais intensamente.
ResponderExcluirO problema não é médico, é social e de caráter. Escolhamos uma palavra adequada.
Concordo com você. As fobias são medos excessivos que pessoas desenvolvem em relação a objetos e situações determinadas que não envolvem de fato perigo. As pessoas fóbicas evitam ao máximo essas situações e objetos e quando não conseguem, por qualquer circunstância, enfrentam surtos de pânico: taquicardia, tremedeira, falta de ar, tonturas e até paralisia. Em outras palavras, fóbicos não atacam ninguém porque nem têm condição para isso.
ExcluirHomofóbicos então seriam pessoas que procurariam se afastar de pessoas homossexuais o máximo possível por ter pavor delas. E não pessoas que odeiam e atacam homossexuais ou quaisquer outros.
Distorceram o sentido original do termo que de medo de alguma coisa virou ódio contra alguém ou algo. E agora a palavra virou uma espécie de termo bombril, polissêmico, significando todo o tipo de preconceito e discriminação contra homossexuais. Na verdade, os que atacam LGBT estão mais para sociopatas. Míriam