Luiz Mott passou para Coordenadoria LGBT banco de dados sobre crimes homofóbicos |
O antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, além de haver comunicado à imprensa geral e especializada que não iria à II Conferência Nacional de Políticas Públicas e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Brasília, 14 a 18/12), declarou que deixava de coletar e sistematizar os assassinatos de LGBT no Brasil (trabalho que realizou durante 30 anos), já que, desde 2002, o Plano Nacional de Direitos Humanos II determinava ser atribuição do Estado a criação de um banco de dados sobre crimes homofóbicos. Afirmou ainda que deixava na Coordenadoria LGBT do governo federal, aos cuidados de Gustavo Bernardes, todo o material relativo à sistemática, utilizada em seu trabalho, para dar continuidade ao banco de dados citado.
Agora, Mott propõe também que, com vistas a manter o mapeamento da homofobia no país, o governo federal siga os seguintes passos:
1. Desde o primeiro dia do ano de 2012, uma pequena equipe – não mais que três funcionários da SNDH – se empenhe em coletar através da mídia, internet, sites de pesquisa, etc, todos os próximos “homocídios”, uma média de vinte por mês ou um crime letal a cada 36 horas ;
2. Que esta equipe solicite oficialmente a todas as ONGs LGBT que enviem sistematicamente toda informação sobre os assassinatos de LGBT ocorridos em seus respectivos estados e cidades;
3. Que reserve um email especifico para centralizar todos esses dados, assim como disponibilize um setor especifico do DISK 100 somente para registrar denuncias de crimes contra LGBT;
4. Que mensalmente seja distribuído informes sobre o panorama e perfil dos homicídios, para melhor planejamento de ações de prevenção por parte dos grupos LGBT.
Poucos creem que a Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNDH) dará continuidade ao trabalho do GGB, já que o governo federal, apesar da propaganda pró-LGBT e do bom dinheiro, repassado para organizações chamadas ironicamente LGPT (em vez de LGBT), não tem apresentado nenhum resultado significativo na melhoria das condições de vida das pessoas homossexuais no Brasil. Assim, a desistência de Mott, em continuar o banco de dados sobre crimes homofóbicos, configura-se como mais um golpe no já bastante combalido, pelo partidarismo e pela governo-dependência, movimento LGBT tupiniquim.
Apesar de polêmico, por incluir, como homofóbicos, também crimes questionáveis do ponto de vista da motivação heterossexista, tratava-se do único levantamento realizado sobre a violência contra homossexuais no país. Agora, só resta esperar que a decisão de Mott venha a se concretizar como uma estratégia para pressionar o governo a fazer uma pesquisa abrangente contra a homofobia no país.
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